Completas
A meu favor tenho o teu olhar
testemunhando por mim
perante juízes terríveis:
a morte, os amigos, os inimigos.
E aqueles que me assaltam
à noite na solidão do quarto
refugiam-se em fundos sítios dentro de mim
quando de manhã o teu olhar ilumina o quarto.
Protege-me com ele, com o teu olhar,
dos demónios da noite e das aflições do dia,
fala em voz alta, não deixes que adormeça,
afasta de mim o pecado da infelicidade.
Manuel António Pina
POESIA, SAUDADE DA PROSA uma antologia pessoal, Assírio & Alvim, Lisboa, 2011
Este poema é brutal!
ResponderEliminarLindo...lindo.
Mas, eu devia ser proibida de ler estes poemas quando tenho a melancolia colada à pele.
Obrigada pela partilha :)
Seraphyta,
ResponderEliminarUm belíssimo poema.