diz-me que é feliz
subitamente tira a mascarilha.
Canta na sua voz rouca
o barroco ou a essência de um cometa
de infinitas mutações.
Palavras incandescentes
que deixo à guarda dos teus silêncios
logo ali lançam raízes
na primavera
florescem em mil bocas sequiosas.
Sete óvulos
passaram por este leito
tinto de sangue
e de vinho.
Mas quando a noite por fim me visita
vem exausta.
Então olho-te como a luz me olha
como uma ininterrupta jogada com o tinteiro seco
como o momento preciso
em que o espelho encontra a árvore,
perdida no labirinto.
Áfricas 60
Artur do Cruzeiro Seixas
Obra poética - I [Organização de Isabel Meyrelles], Porto Editora: Junho de 2020
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