Eu vi gelar as putas da Avenida
ao griso de Janeiro e tive pena
Fernando Assis Pacheco
Eu vi andar as pegas na Avenida
num tórrido Verão, ardia Agosto.
Se aquilo que faziam era a vida,
mas que puta de vida! Quanto rosto
sumido e consumido nessa lida,
à mercê do ferrete, e do sol-posto
dissimulado sob a perseguida
labuta marginal. A contragosto,
dei por mim a olhar, a ver de perto
um vulto que exibia o passo incerto
e arrastava os pés, de esquina em esquina.
Mas perdi o seu rasto, a sua sombra;
vislumbrando, a desoras, na penumbra,
a máscara fatal de Messalina.
Domingos da Mota
Pequeno tratado das sombras, edição Busílis, Dezembro 2018
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